Para mim, o sonho é a vida, o meu mundo.
Para mim, o sonho é a zona onde o consciente conversa com o inconsciente, é uma mímica onde nenhum fala a língua do outro, onde só há lugar para uma aprendizagem interrompida pela luz do dia.
Somos treinados, enquanto crianças, a lidar com os sonhos… não pensamos muito nisso… mas enquanto crianças, dormimos muito mais do que na idade adulta.
É durante o sono que ocorre o estado natural que leva à criatividade. Acredito que é nesse sono que esboçamos quem somos.
O que é difícil é lidar com a realidade, ninguém nos explica isso, enquanto nos sonhos há uma sabedoria emocional, e todos nos lembramos do que sentimos; as palavras da realidade são escassas para descrever o que sonhamos. E faz sentido, porque não há memória de quem seremos!
Ser um Chief Dream Officer é descobrir e interpretar esse caminho, é estar atento à oportunidade e ao oportunismo. É deixar permanentemente de lado a vontade, e seguir o que nos é sugerido. É usar a intuição para encontrar um pedaço de sonho solto no acaso, que nos pode servir para transformar a realidade.
Tive muitos sonhos, todos maiores do que os que sonhava acordado. Queria ser realizador de cinema, mas acabei por descobrir a minha vocação. Esta epifania foi-me oferecida, por já ser minha, por um sábio. Foi ele que me fez perceber que ser um Diretor de Pessoas é mais interessante do que ser um Realizador de Cinema.
No fundo, as pessoas são reais, e é mais difícil, é mais complexo fazê-las confiar na sua luz do que encorajá-las a adormecer no mundo acordado.
A realidade é um monólogo ensaiado, onde as pessoas dizem as mesmas coisas. Eu vejo o Real como o Caminho e o Sonho como o Destino. Não me lembro dos sonhos que realizei, mas tenho sempre perto de mim o que quero interpretar.
Quero descobrir-me, quero a minha curiosidade, ligar-me aos outros e sincronizar sonhos. Em francês, a palavra “rêve” vem de “rever”, que significa tentar de novo. Em castelhano, a palavra “vive” está próxima do conceito de ociosidade. Hoje sei que só compreendemos os negócios quando compreendemos o ócio. Os sonhos são feitos de ideias soltas que precisamos de remendar, enquanto a realidade é feita de pistas para as encaixarmos.
Não sei se a nossa missão é realizar sonhos porque não há nada mais real do que o sonho. Talvez a nossa missão seja discernir dessa realidade as peças que queremos para interpretar quem somos.
Os sonhos sempre me aconteceram quando me libertei dos meus desejos, quando me concentrei em acreditar. Talvez por isso o sonho esteja tão ligado ao conceito de fé e de espiritualidade.
Só à noite é que nos sincronizamos em silêncio.
É no nosso silêncio, é na nossa inação que tudo acontece, é onde tudo começa.
Sobre o Sonho, Fernando Pessoa disse:
“Ninguém se cansa de sonhar porque sonhar é esquecer, e o esquecimento não pesa, é um sono sem sonhos em que estamos acordados.”
“Para realizar um sonho, é preciso esquecê-lo, desviar a atenção dele. Portanto, realizar não é realizar.”
“Matar o sonho é matarmo-nos a nós próprios. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de verdade, inexpugnável e inexoravelmente nosso.”
Então, para mim, sonhar é descobrir quem somos.
E eu… quero fazer de mim próprio.
Discurso a apresentar no Fórum Alpha do IADE a 12 de dezembro de 2015
(Agradeço à Universidade Europeia a sorte do convite e agradeço a oportunidade de ter feito esta reflexão)
Saiba mais sobre Tiago Forjaz aqui.
2025 © All Rights Reserved
The Epic Talent Society
Powered by iSense