Speakers Contribution
O que aprendi com a Epic Speaker Summit - Parte II
O que aprendi com a Epic Speaker Summit - Parte II
By Tiago Forjaz
Abril 29, 2025

Often, we seek refuge in the future to absolve ourselves of what we need to do in the present. More than technological skills, we need to invest in human skills.

In our reflection on the future, we noticed that Border Careers sometimes emerge from “competencies”, so we dedicated the second part of the Epic Speaker Summit to the discussion of “Border Competencies”.

Border Competencies – Emerging competencies that could become border careers. We still don’t know… one thing is certain, without them, there is no future.

Keep up, with Tiago Forjaz thoughts from our First Epic Speaker Summit.

Pedro do Carmo Costa - Inclusão - “A inclusão e a diversidade são importantes para as empresas”

Já tinha aprendido com Pedro do Carmo Costa que diversidade é convidar pessoas diferentes para a festa e inclusão é criar um ambiente para que todos possam dançar. Mas ele acrescentou uma perspetiva importante: temos de começar pela inclusão. Para tirar partido da diversidade cognitiva e experiencial das pessoas, temos de começar por ouvir e incluir primeiro aqueles que se sentem esquecidos internamente. Antes de procurarmos construir uma representação justa e exacta da sociedade, devemos primeiro satisfazer as necessidades das pessoas que já temos nas organizações. Talvez seja por isso que faz sentido começar a chamar-lhe I&D em vez de D&I. Uma coisa é certa: “A inclusão tem valor para as empresas. Não é apenas a coisa certa a fazer, é essencial para o sucesso do negócio.”

Marta Rebelo - Saúde Mental do Futuro - “Do Auto-Estigma à Auto-Estima”

Ninguém consegue escrever ou descrever a importância da saúde mental tão bem como Marta Rebelo, mas atrevo-me a resumir as minhas conclusões de um dos testemunhos mais pessoais da Epic Speaker Summit. Aprendi que os números podem subestimar a questão, mas diz-se que duas em cada cinco pessoas sofrem de doença mental (o que significa mais de 3 milhões de portugueses). Enquanto tivermos preconceitos contra as doenças mentais, ignoramos a segunda maior causa de morte entre os “Zoomers”. Enquanto carregarmos o fardo do auto-estigma, não seremos capazes de abordar a saúde mental de forma preventiva, ocupacional e integradora. Sem uma estratégia de saúde mental, o futuro do trabalho é insustentável.

Duarte Fonseca - Impacto Social - “Misery is Business” - O Poder das Empresas com Propósito

Pode parecer chocante, e é, mas “Miséria é negócio”. É assim que Duarte Fonseca começa a sua palestra. Através da aprendizagem do seu percurso pessoal à frente da Reshape, Duarte revela como as empresas resolvem problemas sociais através do negócio. Foi o caso da Danone, e é o caso de muitas outras organizações. Em última análise, sempre que a humanidade enfrenta um problema, resolve-o transformando-o num negócio. Embora possa parecer oportunista ou incorreto, isto pode ser bom. Talvez isto signifique que confiamos mais na economia, nas empresas, nos líderes empresariais e em nós próprios do que nos políticos e na sociedade. Talvez assim todos possamos participar na resolução dos problemas sociais através do nosso poder de consumo.

João Artur Peral - Improvisação - “O Protocolo que Liberta a Colaboração Criativa das Equipas”

Todos os dias, lidamos com o expetável e o inesperado. A vida é improvisada e João Peral explica-nos como. É a nossa capacidade natural de improvisar que nos ajuda, mas insistimos em chamar-lhe “sorte”. Se aprendermos os protocolos corretos para improvisar, os erros tornam-se uma oportunidade para seguir em frente. Sim, porque a improvisação é uma prática. A improvisação ensina-nos a confiar e a correr riscos, e quem corre riscos e confia vai mais longe. Quando nos expomos e nos tornamos mais vulneráveis, aprendemos mais e melhoramos o nosso desempenho. A improvisação conduz ao sucesso. Dizer “Sim, e” é co-criar, centrando-se nos outros, e cria um ambiente seguro onde podemos correr mais riscos. Podemos utilizar a improvisação como uma ferramenta para aprender a tirar partido da diversidade. A improvisação é o protocolo que liberta a colaboração criativa nas suas equipas. Isto ajuda a aproveitar o potencial da diversidade e a liderar.

José Pedro Cobra - Desafio da Consciência - “Ter de Ser”.

O lugar mais importante para começar o seu futuro é dentro de si. Todos nós, líderes ou não, precisamos de tirar algum tempo para desafiar a nossa consciência. Num jogo de palavras e humor, Zé Pedro mostrou-nos que nos concentramos demasiado no “Ter” em vez de “Ser”. Na realidade, não somos “seres humanos”, somos “seres humanos”. Cada vez mais precisamos de reservar tempo para a autorreflexão e desafiar as nossas perspectivas e expectativas. Na realidade serena, descobrimos que o que nos define é “a relação que temos com o que temos, não o que temos”. Nada tem de ser, não somos escravos de ninguém, muito menos de nós próprios. Quando treinamos o desapego e aprendemos a dissolver os problemas em vez de estarmos sempre em modo de batalha a tentar resolvê-los, encontramos o futuro no presente. Caso contrário, ficamos camuflados no que o mundo, o que os outros esperam ou querem de nós.

Mónica Cordeiro de Lucena - Alofilia - “Amar a Diferença”

No final do evento, entrevistei Mónica Lucena. Ela veio ensinar-nos a construir o amor pela diferença (a chamada alofilia).

Num testemunho muito pessoal e num ato de enorme coragem, Mónica – licenciada em arquitetura – contou-nos como foi viver o desafio de desenhar uma vida para a sua filha Matilde.

A Matilde é a primeira filha da família Lucena. Aos 6 meses de idade, um médico disse: “A Matilde nunca se desenvolverá como uma criança normal, poderá ficar em estado vegetativo”.

Mónica decidiu transformar esse “murro no estômago” numa bofetada nas adversidades; decidiu desafiar esse futuro e derrubá-lo com a certeza de que nenhum médico decidiria o que aconteceria na vida da sua filha! Deixou para trás uma carreira em arquitetura e abraçou um projeto único e fascinante, e percebeu que o que mais desejava para a sua filha era não só que ela fosse autónoma mas, acima de tudo, que a Matilde tivesse autoestima.

O mais importante que a Mónica queria para a Matilde era que ela tivesse autoestima, que gostasse de si própria e da sua vida, independentemente das condições em que essa vida fosse vivida.

Ao dedicar-se à Matilde, apercebeu-se que para construir a autoestima da Matilde, teria de construir a sua própria ao mesmo tempo. Ao dedicar-se à Matilde, libertou-se e descobriu a sua paixão pela dança terapêutica. Com o apoio e o amor de Lourenço (o seu marido) e de toda a família (a família Lucena inclui também Pilar, Santiago e Vitória), estudou durante dois anos na Alemanha para utilizar a dança como forma terapêutica para a sua filha.

Explica que para ajudar a Matilde a ser feliz, teve de reunir uma rede de profissionais de diferentes áreas, desde a psicologia, à terapia da fala, à terapia da dança, entre outras, e foi ela que percebeu a importância de todos trabalharem em equipa e alinhados uns com os outros. Uma rede que ela lidera e modera, para que todos os dias a Matilde aprenda e sinta o amor que existe por ela.

Partilhou também a importância de ter bons amigos, pessoas com quem pode contar para ter tempo para namorar e cuidar das outras crianças também. Ao explicar as “pequenas estratégias”, que incluem: a repetição, o fingir que não ouviu, ou mesmo o uso do humor para corrigir a Matilde, inspirou e emocionou todos naquela sala, sobretudo pela serenidade com que falou deste projeto de vida e cheio de vida!

No final da sua história, perguntei-lhe se já tinha conseguido dar autoestima à Matilde e, em resposta, contou-nos uma história: depois de completar 18 anos, a Matilde não tinha uma instituição de ensino que pudesse continuar a estimulá-la como tinha sido até então (na escola de São Tomás e depois na escola António Arroio). Foi então que a coincidência de Lourenço viajar muito para Moçambique e trazer sempre capulanas como se não fosse regressar, criou a oportunidade para Matilde aprender a empreender na produção e comercialização de capulanas. Desde a importância da escolha dos tecidos, a fina habilidade da costura, até a criação de chaveiros e bolsas que hoje são chamadas de “Matiti Bags”, a família Lucena criou uma empreendedora. Mas o momento de confirmação chegou num dia de praia, quando a Matilde viu alguém a usar um saco feito por ela e explicou que aquele saco tinha sido feito por ela. E aí, percebemos que tudo tinha valido a pena, que ela tinha a sua identidade e autoestima.

Para mim, a Mónica ensinou-me que temos de nos dar aos outros, encontrar uma plataforma de diálogo e acreditar nesse ciclo de amor que se constrói.

Quando lhe perguntei o que pediria a todos nós, respondeu-me: pediria às pessoas que olhassem para a diferença de forma diferente. E eu acrescentei: que aprendamos a amar a diferença!

Para mim, tornou-se claro que as nossas vidas podem mudar de um momento para o outro, que o que a família Lucena viveu pode acontecer a qualquer um de nós, mas aprendi que não basta tolerar a diferença; temos mesmo de nos apaixonar pela diferença e deixar que essa diferença nos molde e nos crie também.

Conclusão

Estas foram algumas das muitas aprendizagens que retirei da Epic Speaker Summit 23.

Agradeço a todas as pessoas que ajudaram a concretizar este sonho da Epic Talent Society e que nele participaram.

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