No nosso segundo episódio de “Epicast” tivemos o prazer de receber Mónica Costeira, uma pessoa verdadeiramente notável, e a sua história promete inspirar qualquer pessoa que a ouça.
Pediatra, humanista, escritora e ativista, o percurso da Mónica é de profundo impacto e empatia.
Mónica, uma pediatra humanitária, ativista e escritora de Aveiro, é apaixonada por causar um impacto positivo e inspirar a mudança. Desde a sua infância, sendo a irmã mais velha de quatro irmãos, encontrou a sua fonte de alegria e inspiração na interação com as crianças. Com um espírito de voluntariado, Mónica embarcou em missões por todo o mundo, incluindo na Grécia, Timor-Leste e com os Médicos Sem Fronteiras em zonas de conflito.
percurso de Mónica na medicina humanitária começou numa idade muito jovem. Com apenas dez anos de idade, escreveu sobre o seu desejo de se tornar pediatra porque adorava crianças e tinha uma paixão por ajudar os outros. Este reconhecimento precoce do seu interesse em ajudar os vulneráveis lançou as bases para a sua futura carreira.
O percurso de Mónica levou-a a alguns dos ambientes mais difíceis do mundo. De Timor ao Sudão do Sul, o seu trabalho foi sempre motivado por um profundo empenhamento em melhorar a vida dos mais necessitados. Então, o que a motivou a trabalhar em zonas de conflito e ambientes difíceis? De acordo com Mónica, é uma mistura da sua paixão de sempre por ajudar os outros e um forte sentido de responsabilidade para com as populações vulneráveis.
O trabalho da Mónica abrange vários países e culturas, apresentando desafios únicos em cada contexto. Para se adaptar a estes ambientes multiculturais, baseia-se numa preparação minuciosa e numa observação ativa. Antes de entrar num novo ambiente, estuda os antecedentes históricos, culturais e políticos do país.
No entanto, a chave para uma adaptação eficaz reside na curiosidade e na capacidade de observar sem julgar. Ao mergulhar no contexto local e compreender a dinâmica cultural subjacente, Mónica consegue navegar melhor nestes ambientes diversos e criar ligações significativas com as pessoas que serve.
Durante uma apresentação memorável no Porto, Mónica destacou a empatia como uma competência de fronteira crucial. A empatia é mais do que apenas compreender as emoções de outra pessoa; trata-se de ouvir ativamente sem julgar e de se ligar às emoções que os outros estão a sentir. Mónica explica que a empatia envolve o reconhecimento e a partilha das emoções dos outros, o que ajuda a colmatar as lacunas entre pessoas de diferentes origens.
No seu trabalho, Mónica tem testemunhado o profundo impacto da empatia. Uma história notável é a do seu tempo no Iémen. Deparou-se com uma prática cultural em que as úvulas das crianças eram removidas para evitar engasgamentos ou melhorar a amamentação. Inicialmente, ficou chocada e julgou a prática. No entanto, através de uma escuta empática e do envolvimento com os profissionais de saúde e as mães locais, descobriu que estas práticas eram motivadas por preocupações genuínas com o bem-estar das crianças.
Ao compreender os medos e as crenças subjacentes, Mónica conseguiu oferecer soluções alternativas que respondiam a essas preocupações, minimizando os danos. Esta abordagem empática levou a mudanças na prática e a melhores resultados para as crianças.
A empatia não é apenas um atributo pessoal; é também uma ferramenta poderosa na liderança. Em ambientes difíceis, como campos de refugiados ou zonas de conflito, Mónica enfrenta muitas vezes imenso sofrimento e dificuldades. Apesar do impacto emocional, considera que a empatia a ajuda a estabelecer ligações com os outros e a manter uma perspetiva positiva.
Por exemplo, Mónica recorda um momento pungente no Iémen, quando se deparou com um elevado número de crianças doentes e moribundas. Apesar da enorme tristeza, concentrou-se no amor e na dedicação das famílias e dos profissionais de saúde que a rodeavam. Esta concentração nos aspectos positivos dos seus esforços deu-lhe força e motivação para continuar o seu trabalho, mesmo perante graves adversidades.
Um dos desafios que Mónica enfrenta é a fadiga da compaixão, uma forma de esgotamento sentida por quem exerce profissões de prestação de cuidados. A fadiga da compaixão pode ser particularmente difícil no trabalho humanitário, onde as exigências emocionais são elevadas. A Mónica já passou por isso em primeira mão, especialmente depois de regressar de missões no Sudão do Sul e no Iémen.
Reconhecer precocemente os sinais de esgotamento é crucial. Mónica presta agora muita atenção ao seu próprio bem-estar e pratica a auto-compaixão. Isto implica reconhecer os seus limites e garantir que tem tempo para cuidar de si própria. Ao fazê-lo, consegue manter a sua capacidade de apoiar os outros de forma eficaz.
A auto-compaixão é vital para quem desempenha funções exigentes. Implica reconhecer as próprias necessidades e limitações e tratarmo-nos com bondade. Mónica salienta a importância desta prática, não só para manter o bem-estar pessoal, mas também para sustentar a capacidade de cuidar dos outros.
A auto-compaixão permite aos prestadores de cuidados recarregar as baterias e continuar o seu trabalho vital. A experiência de Mónica sublinha a necessidade de aqueles que exercem profissões altamente stressantes equilibrarem a sua compaixão pelos outros com o autocuidado e os limites pessoais.
Para os jovens interessados no trabalho humanitário, Mónica dá conselhos valiosos. Incentiva-os a abordar o voluntariado com uma mente aberta e com vontade de aprender. Preparar-se mental e emocionalmente é crucial para causar um impacto significativo.
Além disso, Mónica salienta a importância de trabalhar a autocompaixão. Compreender os limites pessoais e assegurar o bem-estar pessoal é essencial para aqueles que desejam dar o seu melhor em ambientes desafiantes.
As experiências de Mónica Costeira ilustram o poder transformador da empatia no trabalho humanitário. As suas histórias destacam a forma como a empatia pode colmatar as divisões culturais, melhorar as práticas e sustentar os indivíduos face à adversidade. Para os interessados em fazer a diferença, as suas ideias oferecem um roteiro para combinar compaixão com ação eficaz.
Ao adotar a empatia, tanto a nível pessoal como profissional, podemos navegar pelas complexidades do nosso mundo e criar mudanças positivas nas vidas daqueles que mais precisam.
Podes ver o episódio completo no Youtube, neste link.
Vê o primeiro episódio do Epicast com Bernardo Caldas sobre Explorar a IA e os data para o bem.
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